domingo, 29 de junho de 2014

O objetivo desse treco


Nasce com modesto propósito e grande alegria, este blog, Bruzundanga dialética visa deixar registrada a minha experiência como professor desta desagradável disciplina universitária chamada Brasil República.

Indigna pois trata da história de um país onde Estado e nação sempre viveram dissociados. Um país onde nunca houve uma só revolução de verdade, só "revoluções" de mentirinha como a Revolução de 30 ou a de 64, apropriadamente decretada (donde já se viu decretar uma revolução?) em 1o. de abril de 1964. A história do último país a terminar com a escravidão. A história de um dos países mais violentos e desiguais do mundo. A história de um país que tem cinco copas do mundo e nenhum Prêmio Nobel. A história de um país que prefere construir estádios ao invés de escolas e hospitais.

Sendo assim, resolvi por conta própria e risco rebatizar a disciplina. No segundo semestre de 2013, passei a chamar a nefanda Brasil III de "Rebolado dialético", pois trabalhando com a gloriosa turma de alunos de Relações Internacionais, vivia a enfatizar que para entender processos históricos é preciso perceber a complexidade e as contradições.

No semestre seguinte, ou seja, no primeiro semestre de 2014, os deuses novamente me deram uma alegria insuperável. Lecionei Brasil III novamente, desta vez para uma turma de alunos do curso de História, com dois ou três alunos de Relações Internacionais. Na primeira unidade, trabalhamos com alguns textos de Lima Barreto, sobretudo do seu maravilhoso livro Bruzundanga, um país imaginário que serve de trampolim para o escritor criticar tudo que havia de errado no Brasil da sua época. Como muitos dos problemas apontados por ele continuam atualíssimos, resolvi chamar a disciplina, com algum carinho e muita ironia, de História da Bruzundanga.

Eis aí, caro leitor ou leitora, se é que vai haver algum, a história de como nasceu este blog, onde colocaremos todos os materiais utilizados no curso de Bruzundanga III do primeiro semestre de 2014. Espero que os muitos erros aqui documentados sirvam para vocês fazerem algo bem melhor.

um abraço a todos e beijo nas meninas que eu sou carioca,

Marcos Alvito